terça-feira, 5 de novembro de 2013

Análise Didática - Parte 2

Literatura Caderno 1
O capítulo 2, “A Narrativa Romântica”, começa com a explicação de seus objetivos e com a citação abaixo, seguida de uma imagem do romance de José Maria de Alencar, Iracema:
“O romance foi, a partir do Romantismo, um excelente índice dos interesses da sociedade culta e semiculta do Ocidente. A sua relevância no século XIX se compararia, hoje, à do cinema e da televisão.”
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira.
São Paulo: Cultrix, 1992.
(NICOLA, 2011:29)

No desenvolver do capítulo, o autor faz uso da contextualização do momento histórico brasileiro em que o Romantismo se desenvolve, assim como de fragmentos de obras como A Moreninha. Deste, após a exposição do enredo da obra e posteriormente do Epílogo, são propostos exercícios sobre interpretação do suposto enredo.
Conforme descreve as características e obras do Romantismo, o autor também expõe uma breve biografia dos autores cujas obras serão abordadas e, em seguida, acrescenta mais exercícios da seguinte forma: tipo de obra, biografia, resumo da obra, trecho da obra e perguntas sobre o assunto. Percebe-se que não há o intuito de abordar nenhum tipo de intertextualidade, mas apenas perguntas do tipo: “Destaque uma passagem do texto que comprove ser esta narrativa uma crônica de costumes” (NICOLA, 2011:37).
O capítulo é finalizado com exercícios de múltipla escolha e/ou dissertativos retirados de vestibulares como os da FUVEST e da PUC. Portanto, ao mesmo tempo em que mecaniza, durante o desenvolver do capítulo, para responder questões sobre o enredo, o aluno acaba por trazer questões que vão além do que é desenvolvido no material.
Apesar de ser uma linguagem muito diferente da apostila antes analisada, uma linguagem muito mais dinâmica, percebe-se também a confusão da utilização organizacional do capítulo. Poucas imagens e muitos textos fragmentados são dados aos alunos, de forma que este teria de ter um conhecimento além do proposto em sala de aula para acompanhar a disciplina.
Assim, é possível perceber que o modo como o conteúdo da matéria Literatura é passado ao aluno é mecanizada, já que treina o educando apenas para reproduzir o que foi exposto pelo autor. Na maioria das vezes, o aluno não é instigado a pensar na comunicação entre as obras; o aluno não é capaz de enxergar similaridades dentre as publicações de autores da mesma época.
A estruturação das perguntas, por sua vez, é totalmente fora de contexto: “...o menino de quem falamos é o herói desta história”. A partir dos fragmentos apresentados, caracterize o herói Leonardinho.” (NICOLA, 2011:36). É possível observar através dessa pergunta que o aluno não será capaz de ter uma visão real da personagem Leonardo (de Memória de um Sargento de Milícias), apenas pelo trecho exposto na questão.

Entretanto, não se poderia dizer que as aulas de Literatura são ineficientes somente pela análise do livro. Para tanto, faz-se necessária a avalição da aula ministrada pelo professor, pois se ele utilizar o livro apenas como um “guia”, a aula talvez possa ser considerada mais eficiente. De qualquer forma, o material didático apresentado pela editora em questão peca em relação à sua qualidade.

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