quinta-feira, 26 de abril de 2012

Fernando Pessoa em Cartoons

Depois de ver o trabalho em quadrinhos sobra A Farsa de Inês Pereira, resolvi "googlar" sobre tirinhas que tivessem como tema o nosso muso inspirador. E a pesquisa foi ótima!

Achei este site aqui - http://www.citador.pt/. É um site sobre autores portugueses e um dos tópicos sobre Fernando Pessoa é o de Cartoons. Fernando é o próprio personagem (óbvio!) e são bem curtinhos, com ele recitando os poemas. Olhem alguns interessantes:




Realmente, achei SUPER interessante e diferente. Não sei se isso se adaptaria ao ensino na internet porém...

A minha ideia é a seguinte: propor aos alunos que em grupo de até 3 pessoas que pesquisem, escolham um poema de F. Pessoa ou de um de seus heterônimos e façam uma tirinha similar a essas (apenas 3 quadrinhos mesmo). Acredito que esse é um trabalho mais livre, mais artístico. E os resultados seriam apresentados em sala de aula, postados no grupo do Facebook da sala e o professor poderia propor também o feitio de um pequeno livro - uma "Turma do Fernando Pessoa".

O que acham?
Angélica


terça-feira, 24 de abril de 2012


Fernando Pessoa em outras redes sociais

Não sei se muitos conhecem, mas de 2010 para cá uma outra rede social tem feito a cabeça de muitos jovens: o Tumblr. É como um blog; você pode postar fotos, frases, textos, vídeos, links, perguntas podem ser feitas através da ask box. A grande diferença com um blog "normal" é que no Tumblr as pessoas podem gostar do post e, principalmente, reblogar. Alguns posts chegam às 100 mil notificações.

E lá estava eu conectada no Tumblr e encontrei um especializado no Fernando Pessoa, o http://fernandopessoas.tumblr.com/. A mesma pessoa criadora do twitter @FernandoPessoa, Natália Salles, é que cuida desse tumblr que está cheio de conteúdos interessantes.

Como ocorreu em nossas discussões, tanto pessoalmente quanto em alguns comentários aqui no blog, a sugestão de pedir aos alunos para que busquem curiosidades pode ser aplicada também ao tumblr. Muitas garotas usam essa rede social e vivem reblogando trechos de poesias. Se elas estão inseridas nessa rede social, por que não ir mais a fundo do assunto da escola?

Aliás, acredito que a busca de curiosidades prende mais atenção do aluno, faz com que ele se interesse em saber o porquê daquele texto, o porquê de escrever daquela maneira...

Bom, esse é só mais um pedacinho da internet que pode ser inserido no ensino de Literatura.

Angélica

domingo, 22 de abril de 2012


Pessoa e os nascimento dos heterônimos…



Abaixo, segue relato do gênio acerca do nascimento de seus heterônimos: 
"Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (…)
Aí por 1912, salvo erro (que nunca pode ser grande), veio-me à idéia escrever uns poemas de índole pagã. Esbocei umas cousas em verso irregular (não no estilo Álvaro de Campos, mas num estilo de meia regularidade), e abandonei o caso. Esboçara-se-me, contudo, numa penumbra mal urdida, um vago retrato da pessoa que estava a fazer aquilo. (Tinha nascido, sem que eu soubesse, o Ricardo Reis.)
Ano e meio, ou dois anos depois, lembrei-me um dia de fazer uma partida ao Sá-Carneiro – de inventar um poeta bucólico, de espécie complicada (…). Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistira – foi em 8 de Março de 1914 – acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. (…)
Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir – instintiva e subconscientemente – uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já o via. E, de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num jacto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a Ode Triunfa de Álvaro de Campos – a Ode com esse nome e o homem com o nome que tem. (…)"



Fonte: http://www.pessoa.art.br/?p=18


Jonathans

sábado, 14 de abril de 2012

Estudo dos heterônimos de Fernando Pessoa

  Na poesia Fernando Pesssoa, foi o maior criador de heterônimos da Literatura, objeto de maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra, e, por isso, é considerado um dos maiores nomes da Literatura Universal.

Ao contrário dos pseudônimos, os heterônimos constituem uma personalidade fictícia, sobretudo de autores. Sendo assim, Fernando Pessoa não só criou outros nomes para assinar seus textos, mas, junto deles, criou suas respectivas biografias. Essa questão resulta de características pessoais referentes à personalidade do próprio Fernando Pessoa: o desdobramento do "eu", a multiplicação de identidades e a sinceridade do fingimento, uma condição que patenteou sua criação literária. Vejamos as principais características de cada um:

Fernando Pessoa (ortônimo)
Tinha uma personalidade com conflitos não solucionados, com inibições de um comportamento sexualmente indeciso, oscilando entre o melindre e a tentação dos sentidos, decepcionado pelo seu corpo material e pelas circunstâncias de vida que o limitavam - era magro, calvo disfarçado pelo chapéu, sem sucesso amoroso, sem carreira profissional, endividado, porém com uma superação na escrita que proporcionou desdobramentos de sua personalidade. Vivia em um processo constante de busca esotérica sobre si mesmo e sobre Portugal.
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega chega a fingir que é dor
A dor que deveras sentir.


Alberto Caeiro É o próprio paganista, mestre dos outros heterônimos, pensava de forma simples, sem questionamentos. Para Caeiro, não há mistérios nas coisas. A alma isolada é inexistente, pois é algo que não se vê. Ela só passa a existir quando se une ao corpo, que é palpável e visível. Cristo existe desde que materializado - Cristo pode ser uma flor... Na poesia, tem uma estética na qual a imperfeição compõe uma obra desarmoniosa, sem preocupação com estética e rimas - é tido como poeta desleixado. A própria natureza é sempre desigual, por isso, para ele, não existe harmonia, as coisas são diferentes umas das outras. Caeiro não se prende a nada - viveu por viver. Para ele, viver é normal.

    DA MINHA ALDEIA vejo quando da terra se pode ver no Universo.... Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer Porque eu sou do tamanho do que vejo E não do tamanho da minha altura... Nas cidades a vida é mais pequena Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro. Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave, Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu, Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar, E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.   


Álvaro de Campos
Tem a visão multifacetada do real e a crise de identidade é seu marco. Era solitário e depressivo. Viveu tudo na vida intensamente. Possuía a filosofia do niilismo - nada valeu a pena, tudo foi em vão. Expressava tédio por um mundo que não o aceitava, colocava-se com linguagem despida de beleza. Sua poesia era grotesca, formada em um gênero literário desqualificado, sob a finalidade de aliviar-nos a beleza. O seu esforço em conhecer a si próprio fragmenta o seu próprio eu. Mostra-se impotente frente ao real.

 
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

 


Ricardo Reis
Utiliza estilo refinado na forma poética, mediado pela frieza e pelo controle emocional. Oferece reflexão sobre as coisas, define a vida como passageira, vamos morrer um dia - Carpe Diem. É considerado um autor clássico por utilizar figuras mitológicas e vocabulário requintado. Para ele, o que vale é o real visto em sua superfície, apreendido pelos sentidos. Para Ricardo Reis, a religião é pagã (Cristo é só mais um Deus), a natureza é a pluralidade das coisas. O que predomina é a razão sobre a sensibilidade, o homem é impotente perante a morte, sendo incapaz de superá-la.


Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.

Observando os três heterônimos, é fácil notar que Fernando Pessoa - autor dotado de enorme singularidade - multiplicou sua voz poética em outras vozes diferentes e as tornou reais dentro no mundo imaginário da Literatura. Como irradiador desse movimento, autodenominou-se um "drama em gente".

Andreia

domingo, 1 de abril de 2012

Algumas curiosidades sobre Fernando Pessoa

"Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra.

Encontrei algumas curiosidades sobre o Grande, gostaria de compartilhar! Aproveito para dizer que estou preparando biografias de Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caieiro com seus estilos poéticos e assim que possível, postarei.

•    * Numa tarde em que José Régio tinha combinado encontrar-se com Pessoa, este apareceu, como de costume, com algumas horas de atraso, declarando ser Álvaro de Campos e pedindo perdão por Pessoa não ter podido comparecer ao encontro.
•    * Fernando Pessoa trabalhava como correspondente comercial, num sistema que hoje denominamos free lancer. Assim, podia trabalhar apenas dois dias por semana, dedicando os demais, exclusivamente, à sua grande paixão: a literatura.
•    * Pessoa media 1,73 m de altura, de acordo com o seu Bilhete de Identidade.
•    * Fernando Pessoa é o primeiro português a figurar na Plêiade (Collection Bibliothèque de la Pléiade), prestigiada coleção francesa de grandes nomes da literatura.
•    * Ofélia Queiroz, sua namorada, criou um heterônimo para Fernando Pessoa: Ferdinand Personne. “Ferdinand” é o equivalente a “Fernando” em alguns idiomas e “Personne” significa “ninguém” em francês, residindo a curiosidade deste trocadilho no fato de Fernando, por criar outras personalidades, não ter um eu definido.
•    * O cantor brasileiro Caetano Veloso compôs a canção “Língua”, em que existe um trecho inspirado num artigo de Fernando sobre o tema “A minha pátria é a língua portuguesa”. O trecho é: A língua é minha Pátria / E eu não tenho Pátria: tenho mátria / Eu quero frátria. Já o compositor Tom Jobim transformou o poema O Tejo é mais Belo em música. Identicamente, Vitor Ramil, cuja música “Noite de São João” tem como letra a poesia de Alberto Caeiro. A cantora Dulce Pontes musicalizou o poema O Infante. O grupo Secos e Molhados musicalizou a poesia “Não, não digas nada”. Os portugueses Moonspell cantam no tema Opium um trecho da obra Opiário de Álvaro de Campos. O cantor Renato Braz traz no seu CD “Outro Quilombo” duas poesias musicadas: “Segue o teu destino”, de Ricardo Reis, e “Na ribeira deste rio”, de Fernando Pessoa. (Isso mostra a GRANDE influência que tem, ainda hoje, o Grande)
•    * Em 2006, a empresa Unicre lançou um cartão de crédito intitulado “A palavra”, onde o titular pode gravar, à escolha, uma de 6 frases de Fernando Pessoa ou dos seus heterônimos.

http://coisautil.com/curiosidades-sobre-fernando-pessoa/



Deise